sexta-feira, 15 de junho de 2012

Saindo do Buraco

Desesperado, ele me procurou para pedir dinheiro emprestado. Contou-me uma história triste, e me garantiu que logo lhe chegaria um dinheiro, e que ainda naquela semana me pagaria. Eu estava apertado financeiramente, mas como ele me pagaria logo, cheio de compaixão, lhe emprestei o dinheiro.

A semana passou rápida e ele não deu as caras. Tive de me virar para saldar meus compromissos. Depois vieram meses e anos, e ele nada de saldar o empréstimo. Toda a vez que me lembrava dele, ou daquele fato, ficava com muita raiva. Raiva de mim e dele, pois só um tolo como eu seria capaz de cair na sua lábia.

Um dia avistei-o ao longe, na rua. Ele também me viu, mas tomou outro rumo para não cruzar comigo. Aquilo me fez muito mal. Estava a ponto de explodir. Até então, achava que ele não tivera oportunidade de me pagar. Mas agora estava certo de que era má fé mesmo.

Tomei um ódio enorme dele. Não era nem pelo dinheiro. Era pela cara-de-pau dele. Não podia ouvir falar seu nome sem que um tremendo mal-estar, uma mágoa enorme, e uma vontade de lhe fazer alguma coisa ruim viesse à minha mente. Decididamente, aquele meu ódio estava me fazendo muito mal.

Até que resolvi perdoá-lo. Disse a mim mesmo que não lhe emprestara aquele dinheiro. Fizera-lhe uma doação. Um dia, encontrei-o, e ele meio sem graça ouviu da minha boca que já não me devia nada. Não precisava mais me devolver nada. Estava quite comigo. Também não precisava fugir mais de mim. Aquilo me fez muito bem. Pela primeira vez conseguia olhar pra ele com compaixão. Já não havia ódio ou qualquer desejo de prejudicá-lo.

Descobri que perdoar aquela dívida fez muito bem à minha vida.
A ira é uma inimiga mortal da nossa alma. Alguém definiu o ódio como “você tomar um copo de veneno, acreditando que isso vai fazer mal ao outro”. E é o que fazemos muitas vezes: sofremos, ficamos angustiados, irritados, tensos, ressentidos e cheios de ódio no coração. E assim vamos nos matando, perdendo a saúde, a alegria de viver, e tudo porque sentimos vontade de nos vingar do outro. Enquanto o outro simplesmente está vivendo.

Ficamos com vontade de prender aquele que é o nosso desafeto. Mas só o que está preso mesmo é o nosso coração. O outro está livre. Por isso, perdão é uma ordem de Deus para nós. É também bênção para a nossa vida, porque tira o nó que fica atravessado no nosso peito, e nos libera para viver. Perdão também libera os outros.

Não importa o que fizeram a você. O mais importante é que resposta você vai dar aquilo que fizeram a você. Sem perdão, perdemos a capacidade de ver um Deus amoroso cuidando da nossa história e suprindo as nossas necessidades.
É tempo de sepultar a sua ira. Não perdoar é ficar atolado num buraco.

Quando perdoamos, Deus nos tira desse buraco onde caímos e começa a fazer coisas tremendas nas nossas vidas. Ele nos dá oportunidade de restauração, de mudança de rota, e começa a escrever uma nova página na nossa história.
Está com ódio de alguém? Coloque isso nas mãos de Deus. Saia do buraco, perdoe!

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